21. FALANDO COM A ROMÃZEIRA
A Lição Silenciosa de uma Planta que Ensinou Dois Homens a Escutar a Natureza
Do Livro de Contos – O Andarilho – Histórias de Criança para Transformar Adultos – de Alexandre Viana.
INTRODUÇÃO:
Sempre acreditei que o mundo está repleto de vozes que muitos de nós não conseguimos ouvir.
Não porque elas não existam, mas porque estamos demasiado ocupados para percebê-las.
Este conto, Falando com a Romãzeira, nasceu de uma experiência real que me mostrou como a natureza tem sua própria linguagem, sua própria maneira de se expressar.
Através de uma simples romãzeira, aprendi que o cuidado, a atenção e o afeto podem transformar não apenas uma planta, mas também as pessoas ao seu redor.
Esta história é um convite para abrirmos os olhos e os ouvidos para o que está ao nosso redor, pois, como dizem, “tudo fala, só não sabemos interpretar”.
FALANDO COM A ROMÃZEIRA
Muitas pessoas não acreditam que plantas ou animais possam falar.
E os que acreditam pensam que deveriam falar com o vocabulário humano, pois só consideram como fala aquilo que conseguem entender.
Mas, na verdade, tudo tem seu modo próprio de se expressar. E a fala é apenas mais uma maneira.
Acredito que tudo se expressa, tudo fala, só não percebemos porque somos limitados.
Não sabemos interpretar o que, às vezes, é muito sutil.
Há muito tempo, havia um vizinho ao lado da minha casa. Seu muro não era muito alto e do lado de lá era possível avistar um pé de romã.
Com o tempo, reparei que ele nunca molhava a romãzeira.
Por isso, todos os dias, quando ele saía, eu me prontificava a molhar a planta pelo meu lado do muro.
Enquanto eu regava, conversava com ela como se estivesse falando com uma criança:
– Pronto, menina, vai ficar muito bonita e fresquinha com essa água! E suas flores vão ficar ainda mais belas!
A romãzeira estava constantemente verdinha e florida. Sempre dava lindas romãs vermelhinhas. Algumas delas caíam do meu lado do muro. E que docinhas elas eram!
Eu sempre pensava:
– Que sorte tem este meu vizinho. Um lindo pé de romãs que sempre dá flores e frutos, mesmo sem ser cuidado por ele.
Era um vizinho muito bom, mas uma pessoa apressada, que não tinha tempo para quase nada. Saía batendo o portão, apressado com seu carro. Parecia sempre atrasado.
Um dia, veio me pedir um favor:
– Vizinho, vou ter que viajar a trabalho e gostaria que você ficasse responsável pela minha casa no período em que eu estiver fora. Por favor, pegue esta chave e, se escutar qualquer barulho, entre e veja o que está acontecendo. Não precisa fazer nada, só ficar de olho para que nada aconteça na minha residência.
Aceitei a tarefa, mas fiquei surpreso, pois o vizinho não pediu para que eu molhasse suas plantas. Parecia que ele nem notava a existência do belo pé de romãs.
No dia seguinte, o vizinho saiu bem cedo para sua viagem. Esperei ele partir e fui molhar a romãzeira, como sempre fazia:
– É, garota, amanhã, quando eu for a sua casa, vou cuidar de sua terrinha, para que fique ainda mais bonita.
O vizinho iria ficar fora por uma semana ou mais e eu teria bastante tempo para cuidar da plantinha.
No dia seguinte, quando cheguei a casa do vizinho, logo ao abrir o portão, levei um susto! Presenciei algo que eu jamais poderia imaginar:
A Romãzeira estava totalmente seca, com suas folhas murchas e seus frutos mirrados. Fiquei assustado, pois no dia anterior, quando eu a molhei, ela estava toda verdinha. Corri até minha casa para pegar meu material de jardinagem e ajudar a plantinha, mas quando cheguei fiquei ainda mais assustado:
– Meu Deus, o que é isso?
Foi então que eu percebi: a romãzeira fala. E de um jeito todo especial.
Do meu lado ela estava verde e florida. Fui até o vizinho e do lado dele ela estava seca e sem nenhum fruto.
A romãzeira estava falando comigo por todo esse tempo em que eu falei com ela. Dava-me suas flores, seus frutos e a beleza de suas folhas verdes em retribuição à água, à atenção e à conversa carinhosa que eu sempre mantive com ela. Para meu vizinho, que nunca a notou, ela não deixou nada. Estava tudo seco e quase morto.
Quando meu vizinho retornou de sua viagem, bateu em minha porta e perguntou:
– Vizinho, o que você fez com aquela planta velha e seca que agora está verde e cheia de frutos? Eu sempre pensei que ela fosse morrer e já estava me preparando para cortá-la. Que homem milagreiro é você?
Contei para ele que cuidei dela enquanto ele viajava, que a molhava todas as manhãs quando ele saía para o trabalho e que ainda conversava com ela como se fosse minha filha. Surpreso, ele agradeceu e ficou muito feliz por vê-la assim, tão bonita. Em sua vida atarefada, ele nunca havia se dado conta da maravilha que era aquela árvore.
Na manhã seguinte, meu vizinho acordou mais cedo para molhá-la. À noite, percebi que ele conversava baixinho com a planta. Acho também que a adubava. Não saía mais correndo, nem batia o portão da garagem. Um dia me trouxe uma bacia cheia de lindas e doces romãs. E me pediu um favor:
– Vizinho, gostaria que você molhasse a nossa romãzeira aí do seu lado da cerca para que ela não fique seca. E gostaria também de um dia convidá-lo para tomarmos um bom vinho em meu jardim, ao pé da romãzeira.
Assim se passavam os dias e os dois homens se sentavam e partilhavam de suas conversas com a romãnzeira e também com as outras plantas.
ALEXANDRE VIANA
05/05/2015
ÚLTIMA REVISÃO
09/03/2025
CONCLUSÃO:
Ao final dessa jornada com a romãzeira, fica claro que a comunicação vai muito além das palavras.
A planta, com sua maneira silenciosa e sutil de se expressar, mostrou que o afeto e a dedicação são universais.
Meu vizinho, antes apressado e distante, aprendeu a valorizar não apenas a romãzeira, mas também os pequenos momentos que a vida oferece.
E eu, que sempre acreditei no diálogo com a natureza, vi minha crença se transformar em uma lição poderosa: quando damos atenção ao que está ao nosso redor, recebemos em troca frutos doces e flores belíssimas.
A romãzeira não era apenas uma planta; era uma professora silenciosa, ensinando sobre conexão, paciência e gratidão.
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ALEXANDRE VIANA
Contador de histórias e aprendiz da natureza.
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