Quando criança, eu via o mundo de uma forma que muitos adultos já haviam esquecido.
Para mim, uma simples lagartixa não era apenas um inseto; era um dinossauro em miniatura, um ser cheio de histórias e aventuras.
Este conto, O DINOSSAURO QUE MORAVA NA COZINHA, é uma homenagem à minha mãe, Maria Ignácia, e às muitas vezes em que eu a “salvei” desses pequenos “monstros”.
É também uma lembrança carinhosa de como a imaginação infantil pode transformar o medo em algo mágico e divertido.
Através dessa história, quero levar você, leitor, a revisitar a pureza e a criatividade da infância, onde até os maiores medos podem se tornar grandes aventuras.

O DINOSSAURO QUE MORAVA NA COZINHA

Minha Mamãe tinha muito medo de inseto. Barata, aranha, bruxa, grilo, formiga, mas, principalmente, de lagartixa.
Era só ver uma na parede para que ela se congelasse e andasse devagarinho na direção contrária, como se estivesse vendo um dinossauro.

Minha mamãe ficava aterrorizada e gritava de medo:
– Haaaaaaaaaaaaaaa!!!

Eu, escutando o berro, vinha logo salvá-la:
– Calma, Mamãe, vou salvá-la do dinossauro!!

E ela dizia:
– Mata! Mata! Mata! Filho, mata logo!

– Não, Mamãe, o dinossaurinho é bonzinho. Ele come a barata, passeia no telhado, conversa com a aranha, aposta corrida com as formigas e, de noite, canta com o grilinho.
– Mamãe, ele mora na caverninha, que é aquele buraquinho lá na parede.
– Ele só quer ir para sua casinha e ver o seu filhinho, porque ficou a noite inteira caçando os bichinhos que você não gosta.
– Mamãe, eu te protejo, porque sou senhor dos dinossauros e não deixo que você fique com medo.

Minha Mamãe, de tanto medo, não ouvia nada, parecia que eu falava como uma estátua fazendo careta e dizendo:
– Será que essa lagartixa vai cair em mim?

E eu entrava em ação para salvar a minha mamãezinha. Pegava o meu banquinho, subia na parede e ordenava ao Dinossauro:

– Vá para a casa, dinossauro, vá ver os seus filhinhos, que também tem medo da minha Mamãezinha. E diz para eles que, quando crescerem, todas as mamães terão medo deles.

ALEXANDRE VIANA
23/04/2015
Para minha mãe Maria Ignácia, a quem eu sempre protegia de todos os dinossauros por aí.

Última atualização: 09/03//2025.

Ao final dessa história, fica claro que o medo, quando visto pelos olhos de uma criança, pode se transformar em algo completamente diferente.
Para mim, as lagartixas não eram criaturas assustadoras, mas dinossauros cheios de vida, com suas próprias famílias e histórias para contar.
Minha mãe, apesar de seu medo, sempre confiava em mim para protegê-la, e isso me fazia sentir como um verdadeiro herói.
Hoje, olhando para trás, percebo que essas pequenas aventuras na cozinha eram mais do que momentos de diversão; eram lições de amor, cuidado e imaginação.
E é isso que espero que você, leitor, leve consigo ao final desta leitura: a capacidade de ver o mundo com os olhos de uma criança, onde até os medos podem se transformar em magia.

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Qual era o seu maior medo quando criança e como você lidava com ele?

Vamos juntos relembrar e celebrar a criatividade e a coragem que todos nós tínhamos quando éramos pequenos! 🦖✨

ALEXANDRE VIANA
Contador de histórias e protetor de mamães contra dinossauros.