17. A MANDALA DOS MACACOS

Uma Jornada de Cura e Conexão que Revela o Poder Invisível que Une Todas as Criaturas

Do Livro de Contos – O Andarilho – Histórias de Criança para Transformar Adultos – de Alexandre Viana.
Imagem de Alexa por Pixabay

INTRODUÇÃO:

A MANDALA DOS MACACOS

Um jovem e Pequenino Macaquinho, aflito, de galho em galho correu até o Grande Jatobá a Árvore Ancestral da Floresta, para pedir ajuda ao Sábio Mestre Preguiça que ali morava, famoso pelo seu grande conhecimento:

“- Mestre Preguiça, Mestre Preguiça, venha, venha, meu pai está muito doente, precisa urgentemente de sua ajuda e de seus cuidados!”

Serenamente, a Grande Preguiça respondeu:

“- Caro pequenino, irei o mais rápido que puder, mas bem sabe que sou lento em meu andar. Você, que é veloz, vá na frente e recrute os outros macacos. Diga que eu pedi que fossem até seu pai esperar pela minha chegada.”

Assim o desesperado macaquinho fez, chamando todos os macacos por onde passava. Apesar de há muito estar escondido do mundo, seu pai era um dos amigos mais queridos da floresta.

Mais tarde, o macaquinho e todos os outros que conseguira chamar, esperavam pela grande Preguiça. E não eram poucos.

O Mestre Preguiça chegou o mais rápido que pôde e o jovem macaquinho, agoniado com a possível morte de seu pai, chorando implorou à grande preguiça que o salvasse. O Mestre Preguiça, tranquilamente respondeu:

“- Pequenino, seu pai não vai morrer, é um dos grandes patriarcas desta floresta, e está ligado a todos. Prova disso são os inúmeros amigos que aqui estão. Então, sem perda de tempo, vamos ajudá-lo.”

O velho Sr. Macaco vivia sozinho com o filho, após perder a esposa, mas no passado muito já havia contribuído para a grande comunidade da floresta, se separou do resto mas não foi esquecido. E o Grande Mestre Preguiça proferiu solenemente:

“- Atenção a todos, antes de começar, quero que entendam uma coisa para que possamos ajudar o nosso nobre irmão Sr. Macaco: Estamos todos juntos e somos uma grande e imensa família, unidos uns aos outros. Mesmo que não acreditem ou aceitem, nesta verdade, ela não deixará de existir. Todas as coisas do mundo animadas e inanimadas e até mesmo os estúpidos humanos, são nossos irmãos, ainda que não respeitem o nosso e nem o papel deles neste mundo.
Quando entendemos que nossos corações estão conectados, podemos ser de grande valia uns aos outros. Conseguimos trabalhar, produzir, construir, amar, cuidar e até curar, quando estamos em comunhão. Tudo se realiza porque fazemos isso em função uns dos outros.
Os seres humanos não conhecem este grande poder, mas nós, animais, plantas e todas as outras coisas, já o realizamos. Hoje, aos que ainda têm dúvida, peço que apenas sigam as minhas orientações para ajudarmos ao nosso grande Irmão Sr. Macaco”.

Os macacos, atentos, ouviam e esperavam as orientações do Grande Mestre Preguiça:

“O meu amigo, aliás, o nosso grande e velho amigo Sr. Macaco, é um dos seres que mais acreditou neste ensinamento, mas sofreu uma grande perda que o separou de nós, quando sua esposa se foi. Ele e seu filho, que ainda é jovem, precisam muito da presença de vocês aqui neste momento e por isso peço a sua ajuda:
Aos nobres amigos e a família da grande nação dos macacos para façamos uma grande mandala de energia e poder e assim repartir nossos corações e nossas energias para curar a sua dor. Dessa forma com certeza poderemos ajudá-lo”.

Depois de ouvirem, todos os macacos se sentaram de pernas cruzadas, na grande clareira da floresta, um ao lado do outro em forma de espiral com um espaço ao centro, próximo à árvore do doente Sr. Macaco. O Mestre Preguiça pediu a todos que ficassem em silêncio e escutassem por um momento a floresta, enquanto ele escolhia aqueles que formariam a mandala ou a grande espiral. O Sr. Macaco lentamente desceu de sua árvore e se juntou aos outros na clareira, trazido carinhosamente pelo seu filho, o Pequeno Macaquinho. Ele tudo ouvia, porém estava fraco e cansado e apenas esperava, deitado, o desfecho.
O Mestre Preguiça pediu aos outros macacos que relaxassem e deixassem suas mãos soltas e estendidas em suas pernas.

Foram 12 os macacos escolhidos pelo Mestre Preguiça aqueles que ele sentia e sabia que eram mais empáticos, mais fortes e saudáveis e que se importavam com o grupo e a união de sua comunidade.
Sob a orientação da Grande Preguiça, formaram uma grande espiral circular, A Grande Mandala dos Macacos. No centro estava o doente Sr. Macaco, unido a ele, todos os outros formando uma grande espiral de dentro para fora. E então o Mestre Preguiça pediu:

“- Peço que mantenham suas mãos dadas, com um sentimento puro de doação.
Suas essências me dizem que são unidos, que sempre se ajudam, amam a si mesmos e aos outros. Quando isso acontece entre os seres, significa que muita energia circula porque estão em comunhão. A todos que possuem esse sentimento por dentro, saibam que têm uma grande responsabilidade perante as coisas e a tudo e serão sempre realizadores de fatos extraordinários.
Seus dons, especiais, vem de sua forma de ser e ver o mundo, esses dons devem ser compartilhados com os que precisam mas que também estão em comunhão com vocês, mas isto é desnecessário dizer, pois vocês já sabem e já o fazem, de forma espontânea, como se não tivessem nenhuma outra escolha senão ajudar e por isso estão aqui.
Hoje peço que compartilhemos nossas energias para ajudar a equilibrar a essência do nosso nobre amigo o Sr. Macaco, ainda não é a hora dele partir”.

Todos uniram suas mãos até que chegassem ao centro da espiral, unindo-se à mão do Sr. Macaco. E a preguiça dizia, com sua voz serena e segura:

“Por toda sua existência, o Sr. Macaco se doou silenciosamente pela nossa comunidade, mas agora precisa da nossa doação, mas precisa também aceitar essa nossa energia que concentraremos para que a vida respire e flua por entre nós até ele. Hoje velho amigo, você precisa aceitar e receber a bondade de seus irmãos de batalha, os quais tantas vezes você silenciosamente ajudou.
Esta é a retribuição que mora na verdade da amizade da família, da irmandade e da conexão entre todas as coisas. É importante entender o ponto de equilíbrio, onde a harmonia se torna uma brincadeira inocente enquanto fazemos aquilo que nascemos para fazer: Sermos felizes e distribuir esta felicidade, mas também sermos tristes e aceitar ser ajudados quando isso acontecer e precisarmos da ajuda de quem também já ajudamos”.

Em seguida o Mestre Preguiça pediu que todos repetissem algumas palavras, como se fosse um mantra ou uma oração, junto com ele:

“- Quando um de nós cair, viremos todos ao seu socorro, a união dos que se amam fortalece e levanta o caído, Não se sinta só, porque estamos todos aqui com você para que se levante novamente e volte a estar com todos nós.”

Repetindo várias vezes essas palavras, todos sentiam a sinceridade nos seus corações, e tanta era a energia que a mandala dos macacos começou a brilhar. A energia fluía de uma ponta a outra da espiral em direção ao debilitado Sr. Macaco.

Alguns momentos se passaram, e logo o Sr. Macaco já estava pronto para uma nova e boa batalha. Reencontrando-o, agora forte e agradecido, o Mestre Preguiça dizia ao Sr. Macaco:

“- Que bom que está melhor meu velho amigo. Tolo é aquele que acha que tudo é individual e separado, que faz tudo ligado a nada. Mais triste ainda é aquele grupo de seres que não acolhe o que está sozinho, porque não olha para o todo além deles mesmos.
A família é a grande prova de que estamos ligados e não se faz família apenas com sangue, somos ligados a tudo: ao ar, à água, aos animais, aos homens, à Terra, às plantas. Esta ligação faz um grande e inexplicável mecanismo se manifestar independente de nossa consciência e vontade. A grande família na verdade, é tudo aquilo que está à nossa volta, que vemos e não vemos, mas que nos conectamos o tempo inteiro sem entender a ligação divina entre todas essas coisas.
Entre nós, os animais das florestas, entre as águas, os ares e até no fundo da terra, existe uma consciência sobre isso:
De que estamos unidos e vivemos de acordo com essa lei, de maneira livre, espontânea e inconsciente.
Movemos um grande organismo, quando somos um com ele, estando em comunhão, assim entendemos que, por causa dessa ligação, esse grande organismo se move também por nós, porque tudo está unido e tem o seu porquê de ser assim.
Saber disso já é o suficiente, para entender qual é a nossa função na conexão com todas as coisas. Assim viveremos felizes o tempo necessário para concretizar nossa tarefa em paz e harmonia.
Os humanos não sabem dessa conexão, vivem somente para si e também usam tudo somente para si próprios, são inconscientes e vivem separados dessa comunhão, até entre eles mesmos, procuram soluções fora do universo, no infinito, não sabem olhar para dentro e para o outro e verem a si mesmos.
Como se fossem estranhos dentro da própria casa, sem saber do que são capazes. Se conhecessem o poder e o conhecimento dessa união entre todas as coisas, saberiam e entenderiam porque as formigas se unem para formar o formigueiro e as abelhas para proteger a sua rainha. Entenderiam a consciência que se forma quando os peixes criam seus cardumes, os leões protegem suas fêmeas caçadoras, os anticorpos se unem para vencer a doença e fechar a ferida. Saberiam porque os lobos, mesmo distantes, uivam juntos para a lua.
Nada é sem valor e nem por acaso. Os homens se acham turistas nesta terra, procurando algo novo, sempre de fora como meros espectadores, porque não conseguem enxergar o universo, dentro deles e das mínimas coisas, não conseguem entender a grande família.
Estão e são tão individuais, que não conseguem viver sem seus cremes de beleza, suas roupas caras, vivem tomando seus soros de juventude, criam remédios para curar venenos e doenças que nem deveriam existir, andando sempre de um lado para outro dentro de seus carros possantes. Se perdem e passam despercebidos por cima de toda essa sofisticada e milenar tecnologia e sabedoria, em que tudo se alimenta e se realimenta quando conectado ao infinito à sua volta.
Quem sabe se um dia tivessem a mínima consciência que juntos a tudo, estariam mais felizes do que sozinhos. Quem sabe se dessem menos importância às suas bolhas sociais, que na verdade mais os separam do que os conectam, aprenderiam a compartilhar com o todo e com tudo, o verdadeiro sentimento de família, que não nutrem nem mesmo entre eles mesmos, com os de mesmo sangue.”

O Jovem Macaquinho, agora abraçado novamente ao seu forte e querido pai, escutava atento aquilo que iria multiplicar e propagar, quando crescer, para a prosperidade da floresta.

ALEXANDRE VIANA
22/02/2015

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO
25/03/2025

CONCLUSÃO:

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2 comentários em “17. A MANDALA DOS MACACOS”

  1. Boa noite.
    A sabedoria da preguiça revelou em minha vida que estar só não é bom para a alma.Estar junto com pessoas que nos querem ,cura qualquer doença tanto espiritual como física.È triste mesmo ver como as pessoas têm de afastado umas das outras e se isolar por causa das tencnologias, que vem tomando todo o tempo , pois não conseguimos administrá-los ,deixando de estar ao lado das pessoas mais próximas e que talvez esteja precisando de algo e nem sabemos por estar perto e ao mesmo tempo tão distante.

    1. Olá Andrea boa tarde tudo bem?
      Sim estar junto de pessoas que colaboram com o crescimento mútuo é muito importante, mas infelizmente a vontade de cada um independe da nossa decisão.
      AQUILO QUE NÃO CONSEGUIMOS EXPRESSAR, ESCONDEMOS EM AÇÕES CONTRADITÓRIAS.
      Por mais que tentemos fazer o melhor, existem pessoas que a visão particular pode estar turva ou obstruída por algum motivo, quase sempre por algum desafio mais sério ou complexo que ela passa e que não é de nossa responsabilidade nem culpa. Por mais que se faça um movimento de aproximação às vezes, ainda não estão prontas para o crescimento ou para a mudança de vida então se escondem de várias formas, inclusive recursos novos de tecnologia.
      VIDAS VAZIAS SE PREENCHEM DE BOBAGENS – SOLUÇÃO: ENCONTRAR O PRPÓSITO E REALIZÁ-LO.
      Isso faz parte do aprendizado individual e não devemos interferir, apenas favorecer as melhores condições para uma melhor comunicação. Uma boa atitude em relação às pessoas reticentes e rígidas é o acolhimento de um jeito diferente, não como pena ou compaixão e sim como atenção sincera de amparar mas para se ter um aprendizado. Se observar melhor o comportamento do outro, sem julgamentos, talvez consiga perceber em suas ações o motivo por traz de sua atitude. Cada pessoa tem o seu próprio tempo de evolução revolução e infelizmente também de involução. O sofrimento de quem observa com amor, diminui se entender em que ponto esta pessoa se encontra e assim oferecer o “acolhimento” de que ela precisa, de amor – com ouvido e compreensão ou de disciplina, com coragem e serenidade para dizer o que ela precisa ouvir e fazer, mas no momento certo e não na hora que bem queremos, só dizendo o que nos incomoda no nosso momento de dor em consequência das suas ações de arrogância. Se você não conseguir fazer isso (observar antes de agir), se afaste por um tempo, espere até que essa a pessoa peça ou busque em você a ajuda de que ela precisa, pergunte antes se ela quer sua ajuda ou de algum especialista e só assim faça alguma coisa para ajudá-la.
      SÓ AJUDE A QUEM TE PEDIR AJUDA – ISSO NÃO É UM ATO DE EGOISMO, E SIM ESPERAR O MOMENTO CERTO, PARA QUE SUA AJUDA DÊ CERTO.

      Um abraço e obrigado por seu valioso comentário. 🙏😊

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