19. AS PENAS DO PAVÃO
Como a Beleza e a Perfeição Podem Surgir no Meio do Caos
Do Livro de Contos – O Andarilho – Histórias de Criança para Transformar Adultos – de Alexandre Viana.
INTRODUÇÃO:
Às vezes, a vida nos surpreende com lições que vêm de onde menos esperamos.
Este conto, AS PENAS DO PAVÃO, nasceu de uma experiência que mudou minha forma de ver a organização, a beleza e a perfeição.
Em um fim de semana na fazenda de um grande amigo, onde pavões viviam livremente, aprendi que nem tudo precisa estar no lugar que imaginamos para ser belo e significativo.
Às vezes, a desordem esconde uma harmonia que só pode ser percebida quando paramos, observamos e nos permitimos ser surpreendidos.
Esta história é um convite para repensarmos nossas certezas e encontrarmos a magia no aparente caos.
AS PENAS DO PAVÃO
Um dia, perdido na desorganização de uma vida sem espaços, um grande amigo, uma pessoa que realmente se importava comigo, convidou-me para um fim de semana em sua fazenda onde viviam lindos pavões. Ele dizia:
– Venha, meu amigo, vamos à minha fazenda ver os pavões!
Não entendendo o porquê do convite, e sem tempo para nada, eu me perguntava: “ver pavões num quintal? De que isso me adiantaria? Como isso poderia me ajudar? Eu já conheço estes pavões que vivem desorganizadamente na fazenda do meu amigo, arrastando suas caudas empoeiradas pelo chão”.
Mas como estava cansado, precisando de um tempo para refletir, e sem querer ser rude com meu amigo, resolvi aceitar: “um convite para uma fuga e vindo de alguém que tanto gosto… ah, vou para a fazenda! Pelo menos paro de pensar em tantos problemas que não consigo organizar”.
E assim fomos à fazenda. Fui recebido com muito carinho por todos, mas meus velhos amigos reclamaram de minha longa ausência e do tempo em que fiquei afastado. Percebi o quanto era importante para as pessoas e o quanto era importante estar mais com quem realmente me guardava no coração.
No meio da tarde, meu amigo e eu fomos conversar. Caminhamos até o quintal, onde meu amigo deixava os pavões livres, numa total falta de organização.
– Você ainda continua com essa história de criar bicho solto, não é mesmo, meu caro? Que bagunça! Assim eu disse.
Gargalhando, ele me respondeu:
– Bagunça? hahahaha, aqui está tudo organizado!
– Organizado?! Veja como as caudas destes bichos estão todas emboladas, andando por aí sem nenhum cuidado. Acho que os seus pavões são, na verdade, porcos – Dizia eu, em tom sério e querendo ajudar.
– Você deveria ter um lugar específico para eles. Um cercado que os mantivessem limpos. Outra coisa, seus pavões comem o que querem, na hora que querem. Com certeza já devem estar doentes. Eles arrastam as caudas como se fossem um peso. De tão sujas, nem levantam mais!
Certa impaciência me invadia. Causava-me indignação a falta de zelo e de organização. Ver algo que me lembrava da minha própria desorganização me causava muita irritação.
Mas meu compreensivo e sábio amigo me interrompeu no momento em que eu mais me exaltava:
– Calma, meu amigo, quero que pare de olhar o superficial para presenciar um milagre!
– Um milagre? – Tomado de supetão, parei com minhas lamúrias.
Muito curioso, perguntei:
– Que milagre?
E meu amigo me disse, com as mãos em meus ombros, forçando-me a ver:
– Fique em silêncio e veja um presente em meu quintal.
Sem entender nada, ouvi o que ele dizia com muito desprezo. Voltei o meu olhar para os pavões e, em menos de cinco minutos de silêncio, veio o milagre: um canto em coro e, em seguida, várias caudas enormes se sacudindo, abrindo de uma forma quase impossível. Eu não conseguia acreditar que aqueles bichos pudessem erguer suas caudas. E mais incrível ainda, que as caudas ficariam tão lindas, tão hipnóticas…tão perfeitas.
Dentro da desorganização, os pavões se organizavam.
Era um grande desfile de cores, maravilhosamente organizado e perfeito, como eu jamais poderia ter imaginado. Somado ao canto e ao sol da tarde daquele quintal único, onde as caudas competiam com o sol e onde se tornavam irmãos, era realmente um milagre, um presente para a minha alma.
Sentei-me na soleira da porta, estarrecido. Parecia transportado para um reino mágico, na inocência de uma criança que vê algo pela primeira vez. A primeira vez de novo… Como imaginar que era assim que se faziam perfeitas e tão belas as caudas dos pavões? O que eu achava estar certo, na verdade estava errado. Consegui entender tudo num simples agitar das penas de um pavão.
E então, uma pena se desprendeu, bem aos meus pés. Era um presente, uma prova para que, daquele dia em diante, eu não me esquecesse de tirar as coisas do lugar e começar tudo de novo.
Muitas vezes, precisamos desorganizar, para que a perfeição se apresente, para que a beleza seja redescoberta em coisas que deixamos nas nossas prateleiras, cheias de poeira e com o peso da falsa impressão de estarem em seus devidos lugares.
ALEXANDRE VIANA
23/04/2015
Para minha amiga Denise Garófalo, que me fez entender a ordem dentro do caos.
ÚLTIMA REVISÃO
07/04/2025
CONCLUSÃO:
Ao final dessa jornada com os pavões, entendi que a perfeição nem sempre está onde a buscamos.
A beleza das penas do pavão, que se revelou em meio à aparente desorganização, me mostrou que muitas vezes precisamos desconstruir nossas ideias pré-concebidas para enxergar o verdadeiro esplendor das coisas.
Aquele momento na fazenda foi um presente, uma lição sobre como a vida pode ser mais rica e surpreendente quando nos permitimos ver além do superficial.
E aquela pena que caiu aos meus pés?
Tornou-se um símbolo de que, às vezes, é preciso desorganizar para redescobrir a beleza que já existia, mas estava escondida sob a poeira do cotidiano.
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Vamos juntos descobrir as penas coloridas que a vida tem a nos oferecer! 🦚✨
ALEXANDRE VIANA
Contador de histórias e aprendiz da beleza escondida.
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