15. A MOÇA DOS CABELOS DE BORBOLETAS

Uma História Mágica sobre Identidade, Auto Aceitação e a Beleza que Habita em Cada Um de Nós

Do Livro de Contos – O Andarilho – Histórias de Criança para Transformar Adultos – de Alexandre Viana.
Imagem gerada por IA

INTRODUÇÃO:

A MOÇA DOS CABELOS DE BORBOLETAS

Certa ocasião, uma menininha andava com sua mãe pela cidade.
Elas entraram em um banco e, na fila, normalmente longa em nosso país, a menina se deparou com uma moça muito bonita, alta, diferente de todos e que lhe chamou a atenção por um detalhe bem peculiar: era negra como a noite e seus cabelos, em muitos cachos, eram como um sol negro, em volta de seu lindo rosto.
Seus cachos, faziam um contorno perfeito de seu rosto, como uma moldura, ainda mais fascinante que a própria beleza da moça.

A menininha, que também era negra e tinha seus cabelos encaracolados, não se conteve e perguntou, em voz alta, à sua mãe:
– Mamãe, mamãe, como ela faz o cabelo dela ficar assim?
Sua mãe, constrangida, pediu à menina que se comportasse, na esperança de não ser percebida. Mas a moça inevitavelmente percebe a atitude da menina, que agora a espreitava escondida atrás de sua mãe. Lentamente ela se agachou até a menina, que se escondia ainda mais entre as pernas de sua mãe:
– Não tenha medo, querida, vou lhe contar meu segredo.
A menininha esboçou um tímido sorriso e, incontida de curiosidade, saiu de trás de sua mãe e perguntou:
– Moça, como o seu cabelo ficou tão lindo assim?
– Bom, menininha, digo-lhe que algo mágico acontece todas as semanas, principalmente na primavera: às vezes, quando acordo, fico surpresa em encontrar meu quarto todo cheio de borboletas.
– Borboletas? – Perguntou a menina, surpresa.
– Sim. Inexplicavelmente, às vezes ao acordar me deparo rodeada de borboletas e, quando me olho no espelho, meu cabelo não está assim como você o vê agora…
– Como assim, o que acontece com ele? – Pergunta novamente.
– Bom, misteriosamente ele fica todo enroladinho, como pequenos casulos, bem presos à minha cabeça. Como se fossem as namoradeiras, aquelas que ficam debruçadas nas janelas sabe?. Chego a pensar que foi cortado pelas danadinhas das borboletas que invadem meu quarto, mas não, quando olho bem de perto, vejo que ele somente está todo enroladinho, bem juntinho da minha cabeça, em pituquinhas.
Quando toco neles, percebo que estão bem fofinhos. Parece que colocaram algo dentro dos casulinhos.
– E o que tem neles? – Perguntou pulando a impaciente menininha.
– Bom, calma, mocinha, eu vou contar… Quando isto acontece, sei que tenho que ir onde tem sol… Sento-me bem quietinha e começo a cantarolar uma canção bem doce. E então, rapidamente, sabe o que acontece?
– O quê, o quê? – Perguntou, pulando mais e saltitando mais ainda.
– Calma, calma, já te conto!
Quanto mais canto ao sol, mais meus cachinhos começam a se desenrolar. E de dentro deles saem lindas borboletas, de todas as cores. Uma a uma, elas esticam suas asinhas e desenrolam seus casulinhos, transformando-os nestes lindos cachos. Na medida em que voam, todas à minha volta, dançando com minha música, meu cabelo vai ficando todo cheio de cachinhos.
A menininha, que também tinha seus cabelos cacheados, encantada com a história, começou a imaginar as borboletinhas desenrolando suas asinhas de dentro dos cachinhos da moça e voando para o céu.
– Mamãe, mamãe, também quero borboletas em meus cachinhos!
– Calma, minha linda, não fique tão agitada, vou contar outro segredo. Nós, que temos os cachos enrolados, somos rainhas.
E você, minha pequenina amiga, ainda é uma princesa. E se quiser se tornar uma rainha, cante ao sol todas as manhãs, respeite tudo que estiver vivo, tenha orgulho de seus cachinhos, de sua cor e de sua família, pois todas as coisas que nos fazem ser o que somos são maravilhas, e possuem vida e história própria.
Se assim o fizer, um dia se encantará ao ver borboletinhas voarem de dentro das suas madeixas encaracoladas.
E então menininha, qual história você irá contar a todos, quando seus cachos forem sua coroa de rainha?

ALEXANDRE VIANA
23/12/2013

ÚLTIMA REVISÃO
31/03/2025
Para Viviane, uma inocência presa na dor.

CONCLUSÃO:

QUER PUBLICAR SUA HISTÓRIA?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima