07. A CORUJA ABOBADA
A Sabedoria da Inocência.
Do livro de Contos – O Andarilho – Histórias de Criança para Transformar Adultos – de Alexandre Viana

INTRODUÇÃO:
Em um mundo onde rótulos e expectativas alheias podem facilmente nos aprisionar, surge a história da Coruja Abobada, uma pequena ave noturna que, com sua plumagem desalinhada e voo desajeitado, desafia as normas e nos convida a uma jornada de autodescoberta e superação.
Preparem-se para se encantar com uma narrativa que celebra a singularidade, a resiliência e o poder transformador da autoconfiança.
“AS CORUJAS SÃO SERES SÁBIOS, DONAS DAS GRANDES VERDADES, SERENAS E ATENTAS A TUDO”.
A CORUJA ABOBADA
Existe uma tradição na floresta entre os animais:
Dizem as lendas que elas podem enxergar os grandes mistérios, com bastante clareza.
Porém, numa tradicional família de corujas, um ovo, que sofrera uma queda, deu origem a uma coruja totalmente diferente das demais. Desajeitada, agitada e espalhafatosa, não possuía a serenidade e a eloquência de suas irmãs corujas. E todos diziam:
“EIS A CORUJA ABOBADA, DE OLHOS GRANDES E VAZIOS, COMO A SUA MENTE.”
Realmente, a pequena coruja não se portava como as outras, tampouco entendia sobre as grandes verdades e mistérios. Tropeçava nos próprios pés, se enrolava nas próprias penas, mas como ainda era uma criança, nada lhe afligia. Só queria saber de brincar.
Porém, a Corujinha cresceu. O preconceito dos demais também. A corujinha não teve as mesmas oportunidades, pois, devido ao seu jeito abobado e falastrão, ninguém acreditava que ela pudesse ser grande e sábia como todas as corujas.
– Talvez seja retardada… – diziam alguns.
Cresceu inocente e pura, isolada do conhecimento, mas também da maldade. Não via o mal de todas as coisas. Seus próprios pais, conformados com sua condição, a tratavam com muito amor, mas evitavam seu contato com os outros, que tanto a menosprezavam. Eles temiam o preconceito e o sofrimento da sua amada filha.
Mas ela não sofria, até porque não conhecia o mal como os outros. Era feliz porque achava que as coisas eram assim. Era muito solitária, mas era muito feliz assim.
Um dia, um gato malvado e faminto veio atravessar seu caminho. Achou nela uma sugestão deliciosa de petisco e logo arquitetou seu ardiloso e matreiro plano.
Já maiorzinha, a Corujinha ficava sozinha em casa enquanto suas irmãs saíam para estudar. Em uma dessas, o Gato subiu sorrateiramente até o alto da árvore e pôs-se de pé, bem em frente à porta de seu ninho, e espertamente se apresentou:
Olá, Corujinha, como vai? Sou seu mais novo professor – disse o Gato.
Olá, Sr. Gato, nunca vi um gato em pé nas duas patas, muito menos professor. Deve mesmo ser um grande mestre. O que vai me ensinar? – perguntou a corujinha, que tanto havia sido privada do saber.
E o Gato respondeu:
Sim, sou mesmo um grande mestre e vim para lhe ensinar tudo sobre o grande mistério da vida e da morte.
Da vida e da morte? – perguntou a Corujinha curiosa – O que preciso saber sobre isso?
O Gato, com um ar intelectual, respondeu-lhe andando de um lado para o outro.
Bom, pequena coruja, existe uma razão para se viver e um motivo pelo qual se morre.
É mesmo? – Retrucou a Corujinha, mais curiosa ainda – Por que se vive, Sr. Gato?
O Gato respondeu:
Alguns vivem para comer, outros para serem comidos.
É mesmo? Eu então vivo para comer? – perguntou, surpresa, a Corujinha.
Não, Corujinha, você vive para ser comida – responde o Gato cruel.
Se vivo para ser comida, então quem vai me comer? – pergunta, inocentemente, a Corujinha, tropeçando nas próprias penas.
O Gato se abaixou novamente nas quatro patas e respondeu, já aprontando o bote:
Bom, lhe comerá alguém que vive para comer. E neste caso, eu, que sou um gato bem esperto.
Então, pelo que entendi, as corujas vivem para serem comidas e os gatos para comê-las? Pergunta novamente a Corujinha, toda afobada e inquieta. Não havia medo em seu coração, apenas ânsia pelo conhecimento que por tanto tempo lhe foi privado.
Porém, lá de baixo, do pé da árvore, era possível ouvir o frenético debate entre o Gato e a Coruja abobada. E uma onça curiosa se aproximou para assistir o desfecho da intrigante história.
A Corujinha continuava a dizer ao Sr. Gato:
Sabe, Sr. Gato, muitos falam que eu jamais poderei entender as grandes verdades ou saber dos grandes mistérios. Sendo assim, sempre prestei atenção aos detalhes de tudo.
É mesmo, Corujinha? –rebateu o Sr. Gato matreiro, balançando suas patinhas – Tenho certeza de que tudo que lhe falaram é a mais pura verdade
Não concordo, Sr. Gato – disse a corujinha – Se isso fosse mesmo verdade eu não teria entendido tão bem o ensinamento que hoje me foi dado pelo Sr.
O Gato, perplexo e orgulhoso de ser tão sábio e esperto, se desarma de seu bote e responde, quase explodindo de tanta vaidade e orgulho de si mesmo:
Ah, que bom que você acha isso, minha jovem e inquieta amiga. Entender sobre a vida e a morte é realmente um privilégio para poucos prodigiosos como eu.
Enquanto falava aquele que se achava grande e sábio, a pequena e abobada Corujinha enxergava, com seus grandes olhos, todos os detalhes e minúcias a sua volta e acabou fazendo um frenético comentário:
E ainda lhe digo mais, Sr. Gato. Aprendi mais do que o senhor quis me ensinar.
O gato, que não se cansava de se gabar, parou seu discurso subitamente e perguntou:
O que mais lhe ensinei, mocinha agitada? Pare quieta, para que eu possa ouví-la sem ficar tão tonto com toda essa agitação.
E a Corujinha respondeu:
Aprendi que sou pequena e o senhor é grande. E que, na realidade, os grandes comem os pequenos. Assim é a vida e não devo ir contra isso.
Isso mesmo, pequenina – disse o Gato, todo empolgado e já lambendo os beiços. – Mas pare quieta! Estou cada vez mais atordoado com tanta agitação.
A Corujinha abobada chegou bem perto do Sr. Gato e parou de uma só vez, abrindo as asas bem na frente de seus olhos e bem próximo de seus dentes, dizendo:
Assim posso ser maior, não é mesmo, Sr. Gato?
O Gato, achando-se mais esperto e melhor do que a Corujinha, estava desatento e se surpreendeu com a ação inesperada. Com o susto, desequilibrou-se e caiu da árvore. E para seu infortúnio e sorte da grande Onça, que só esperava o desfecho, caiu enquanto a Corujinha lhe dizia:
Aprendi, Sr. Gato, que estando acima de uma onça pintada, é melhor que sejamos maiores do que ela, para não cabermos em sua boca faminta.
O gato se perdeu na boca da grande onça. Em uma só bocada, lá se foi o mais sábio, mais convencido e mais imprudente gato da floresta.
E deste modo a Corujinha que não era tão abobada assim, perdeu seu esperto professor, para a boca da grande onça, mas com certeza aprendeu a grande lição que ele quis lhe ensinar.
“SE SENTIR-SE PEQUENO EM RELAÇÃO AOS OUTROS, ACHE E ACREDITE NO SEU TALENTO E TORNE-O MAIOR QUE QUALQUER OUTRA COISA.”
ALEXANDRE VIANA
30/05/2007
ÚLTIMA REVISÃO
19/03/2025
CONCLUSÃO:
A Corujinha Abobada, com sua determinação e coragem, iluminou a floresta com a luz da sua autenticidade.
Ela nos ensinou que a verdadeira beleza reside na aceitação de quem somos, e que a força para alçar voos mais altos nasce da crença em nosso próprio potencial.
Que sua história ecoe em nossos corações, inspirando-nos a desafiar as limitações impostas pelos outros e a trilhar nosso próprio caminho, com a cabeça erguida e o espírito livre.
E você, querido leitor, já se sentiu como a Coruja Abobada, julgado e menosprezado por ser diferente?
Já teve seus sonhos diminuídos por olhares céticos e palavras desencorajadoras?
Como você enfrentou esses obstáculos e encontrou a força para brilhar com sua própria luz?
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ALEXANDRE VIANA
“Desperte a coruja que existe em você!”
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